quarta-feira, 20 de maio de 2015

CIA: Bin Laden fazia formulários para novatos, era obcecado por segurança e queria foco nos EUA


LANGLEY - A CIA liberou 103 documentos encontrados no local onde Osama bin Laden se escondia e foi morto no Paquistão. O terrorista saudita queria que a al-Qaeda parasse de se preocupar com disputas regionais e se focasse em matar americanos. Ele debatia táticas, tinha enorme preocupação com a espionagem americana e ainda criava formulários como um autêntico diretor de recursos humanos
O foco deveria estar em matar e combater o povo americano e seus representantes”, escreveu Bin Laden em uma carta encontrada pelos Seals da Marinha e entregue à CIA. "Deveríamos parar com ataques contra o Exército e a polícia no Oriente Médio, especialmente no Iêmen."
 À época de sua morte, Bin Laden queria operações em larga escala, enquanto outros líderes acreditavam que operaçõs menores, como ataques de lobos solitários, teriam mais sucesso para fazer o Ocidente sofrer — disse à AFP um analista da CIA sob anonimato.
Outras cartas mostram um apelo de Bin Laden aos americanos, criticando o governo de George W. Bush por insistir em uma guerra na qual "os próprios soldados estão cometendo suicídio".
A Direção de Inteligência Nacional também divulgou um vídeo com uma de suas cartas sendo lida.
Um dos materiais apreendidos é um modelo de formulário que o próprio Bin Laden utilizava para recrutar novos terroristas. Algumas perguntas eram “Deseja executar uma operação suicida? A quem devemos contatar caso você se converta em um mártir? Você foi educado pela sharia? Quantas vezes esteve no Paquistão? Hobbies? Ciência ou literatura? Você tem familiares que trabalham para o governo e querem cooperar conosco?”.
LIVROS SOBRE 11/9, PAIXÃO PELA FAMÍLIA E MEDO DA VIGILÂNCIA
As correspondências mostram que Bin Laden era extremamente preocupado com sua segurança. Com medo de ataques por drones contra lideranças da al-Qaeda, ele pedia que o grupo não se comunicasse pela internet. Bin Laden também pediu que a al-Qaeda preparasse uma campanha midiática para comemorar os dez anos dos atentados de 11 de setembro de 2001.
Entre outras revelações pela inteligência americana, o terrorista lia livros sobre teorias da conspiração diante do 11 de Setembro. Autores em sua prateleira incluíam o linguista Noam Chomsky e o jornalista Bob Woodward, que revelou o escândalo de Watergate. Ele acompanhava publicações sobre a política externa americana e até sobre os illuminati, segundo documentos.
Em uma carta recebida, seu filho Hamza, de 22 anos, escrevia que estava pronto para se juntar à jihad após passar por treinamentos como explosivos. Ele seria o filho preferido de Bin Laden, segundo a CIA. A vida pessoal de Bin Laden também é revelada. Em algumas das cartas, se mostra um amante apaixonado por suas mulheres — e alerta uma delas contra uma possível inserção de um aparelho de espionagem durante um tratamento dentário.
O material foi divulgado dias após o premiado jornalista americano Seymour Hersh afirmar que a Casa Branca mentiu sobre a morte de Bin Laden, alegando que o Paquistão sabia de sua localização.
Congressistas da oposição questionavam a demora do governo e da CIA em liberar documentos. A Casa Branca alegou que o conteúdo precisava ser revisado antes da publicação.
"A divulgação dos documentos segue um padrão rigoroso pelas agências do governo e se alinha ao pedido do presidente Obama por aumento na transparência consistente com as prerrogativas da segurança nacional", declarou o órgão.
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