Curandeiros
tradicionais participam de ritual de exorcismo no vilarejo de
Meliandou, onde primeiro paciente morreu de ebola nesta epidemia (Foto:
AP Photo/Youssouf Bah)
Em Meliandou, vilarejo da Guiné que deu origem à epidemia de ebola na
África Ocidental, um curandeiro está trabalhando para remover uma
maldição que os moradores acreditam que esteja pairando sobre a
comunidade.
Trata-se do vilarejo onde vivia o garoto Emile Ouamouno, de 2 anos, que especialistas acreditam ter sido a primeira pessoa a morrer de ebola - no dia 28 de dezembro de 2013 - nesta epidemia que já matou quase 9,2 mil pessoas e continua infectando novos pacientes.
Quando Emile teve uma febre e começou a vomitar, morrendo dois dias
depois, ninguém sabia o porquê. Outros moradores começaram a morrer e um
curandeiro foi levado ao local para fazer uma cerimônia de exorcismo.
Em Meliandou, população acredita que há maldição em vilarejo (Foto: AP Photo/Youssouf Bah)
"Ele pegou os itens de feitiçaria que as pessoas tinham em suas casas",
disse Etienne Ouamouno, pai do menino Emile. As pessoas estavam
culpando esses itens pelas mortes, segundo ele.
"Todo mundo estava falando isso", disse Ouamouno à Associated Press. "Ainda assim, as pessoas continuavam morrendo."
Centenas abandonaram a vila, acreditando que a família Ouamouno, ou o
vilarejo todo, estavam amaldiçoados, segundo o chefe do vilarejo, Amadou
Kamano.
Moradores se reúnem para assistir a ritual de exorcismo (Foto: AP Photo/Youssouf Bah)
Ouamouno disse que estrangeiros vieram e anunciaram que as mortes eram
causadas pelo ebola, transmitido pelos fluidos corporais das pessoas com
sintomas da doença, que não tem tratamento conhecido e é com frequência
fatal.
Os moradores de Meliandou são pobres, estigmatizados e ainda muito
desconfiados sobre o que trouxe a doença que devastou suas vidas. Lá,
muitas pessoas ainda acreditam que o ebola foi espalhado de propósito
por pessoas buscando algum tipo de ganho.
Cientistas ainda tentam descobrir como a epidemia começou, inclusive
estão indo a Meliandou para testar macacos e morcegos como possíveis
origens da doença.
Curandeiros queimam pé de bananeira em vilarejo da Guiné que deu origem à epidemia de ebola (Foto: AP Photo/Youssouf Bah)
Ouamouno convidou o curandeiro tradicional Lalifa Lengo de volta ao
vilarejo para coordenar as fases finais dos ritos. Em sua primeira
visita, em abril, Lengo plantou uma bananeira no centro da vila e
prometeu voltar. A árvore cresceu rapidamente.
O corte da planta, dizem os mais velhos, vai concluir a remoção da
maldição. Cantos, danças e rituais foram executados perto da árvore
durante a cerimônia, em 22 de fevereiro. Uma cabra, oferecida pelo
curandeiro, foi assada em uma fogueira. Os moradores mais velhos jogaram
arroz na árvore.
"Eu não morri nem fiquei doente e louvo a Deus por isso", disse Ouamouno.
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